sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O atropelamento

Um homem atravessa a rua e morre atropelado. Está longe de casa e ninguém o conhece. O defunto atravessado na rua chama a atenção de todos que passam. O motorista que o atropelou está sentado na calçada aos prantos falando descontroladamente com alguém no celular. Uma senhora tenta acalmá-lo.

O dia ainda nem amanheceu. Muitos olhos ainda fechados em sono. Em algum lugar do mundo nasce uma criança. Em algum lugar do mundo alguém diz “eu te amo”. Em algum lugar do mundo alguém perdeu as chaves de casa. Em algum lugar do mundo alguém dormiu no sofá vendo televisão. Mais naquele pequeno lugar do mundo um homem acaba de morrer atropelado.

Logo alguém encontraria seus documentos em seu bolso, um numero de telefone, ou um endereço. Logo a notícia chegaria a seu lar. Chegaria a sua família, se é que ele tem uma família. Agora as pessoas tentam imaginar sua idade. Montar possibilidades de histórias para o póstumo homem. Um policial chega ao local e saí do carro com uma lona preta. O corpo é coberto e algumas pessoas começam a irem embora. Cada uma das pessoas com uma versão de homem, versão de acidente, versão de história.

Nada mais importa o homem já está morto...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um assassino ao meu lado

Percebi sua sombra arrastando-se ao meu lado.Ele chegava em silêncio!Mais logo rompeu a quietude:
_Você pode me informar as horas._Disse.
_São dez e vinte!_Respondi.
Quem era o estranho de olhos arregalados e rosto pálido?Vestia um terno escuro.Falava sempre olhando nos olhos.Sentou-se ao meu lado,respirando compassadamente.Uma respiração forte,estranha.Suas mãos corriam veias parecidas com raios em dias de tempestade.Sua figura uma estranha sombra cinzenta e quase muda.Juntou os pés e ficou batendo os calcanhares.Sua inquietude era nítida e me incomodava.
_O senhor está bem?_Pergunto-lhes.
_Não,não estou!Acabei de matar um homem._Disse friamente.
O meu coração palpitou.Estava ao lado de um assassino.Minhas pernas estavam presas ao chão,como se tudo aquilo tivesse sido um teatro impinotizador.Agora eu não conseguia me mover.O que queria ele?Seu transtorno era tamanho que cheguei a imaginar um assassino em serie,que provavelmente me mataria também.
A silhueta acinzentada se move,levanta-se e sai.
A silhueta acinzentada some entre os carros,prédios,pessoas comuns.
Eu?Eu deixo o medo passar entre os dedos e respiro aliviado.