Um homem atravessa a rua e morre atropelado. Está longe de casa e ninguém o conhece. O defunto atravessado na rua chama a atenção de todos que passam. O motorista que o atropelou está sentado na calçada aos prantos falando descontroladamente com alguém no celular. Uma senhora tenta acalmá-lo.
O dia ainda nem amanheceu. Muitos olhos ainda fechados em sono. Em algum lugar do mundo nasce uma criança. Em algum lugar do mundo alguém diz “eu te amo”. Em algum lugar do mundo alguém perdeu as chaves de casa. Em algum lugar do mundo alguém dormiu no sofá vendo televisão. Mais naquele pequeno lugar do mundo um homem acaba de morrer atropelado.
Logo alguém encontraria seus documentos em seu bolso, um numero de telefone, ou um endereço. Logo a notícia chegaria a seu lar. Chegaria a sua família, se é que ele tem uma família. Agora as pessoas tentam imaginar sua idade. Montar possibilidades de histórias para o póstumo homem. Um policial chega ao local e saí do carro com uma lona preta. O corpo é coberto e algumas pessoas começam a irem embora. Cada uma das pessoas com uma versão de homem, versão de acidente, versão de história.
Nada mais importa o homem já está morto...